"O menino continuava a abraçá-la. E Baleia encolhia-se para não magoá-lo, sofria a carícia excessiva." (sobre o afago do menino mais velho na cachorra Baleia, em Vidas Secas do alagoano Graciliano Ramos)
Lendo Graciliano, um lampejo: Deus não seria aquele que vez ou outra nos faz sofrer com suas carícias excessivas?
Suspeito que o Jó deva ter algo a dizer.
* * * *
Suspeito que o Jó deva ter algo a dizer.
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4 comentários:
Caríssimo,
Essas suas teologias pós-leituras-literárias são de grande preciosidade. Você descobre a fé na vida das pessoas observada. Afinal, a literatura é o único lugar onde as pessoas podem ser observadas, do jeito que são. Ao ler um romance, lemos vidas. Só na literatura a vida é vida mesmo. Aqui, nesse nosso mundo — se é que isso é um mundo —, a gente vive mesmo uma ficção.
Forte abraço.
Baleia suportava as carícias, mesmo sem gostar delas...
Jó também aceitou todo o sofrimento, sem se voltar contra Deus.
Interessante seu ponto de vista.
beijo
Lindo (e triste...)!
Isso me lembrou um tempo em que eu acreditava que valia à pena.
Um abraço
Oi Alysson,
Isto me faz pensar que o verbo grego proskuneo, que vem da atitude canina de pular no seu dono e lambê-lo festivamente, o qual é traduzido como adoração, apresenta só um lado da moeda: um só lado da adoração.
A Baleia com a ajuda de Graciliano Ramos nos mostra uma outra faceta bem menos festiva desse relacionamento.
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