terça-feira, outubro 23, 2007

Uma Queda para o alto?

Mitologia dos Maoris da Nova Zelândia:

"Rangi (o Céu), ficou tão próximo do ventre de Papa (Mãe-Terra), que as crianças não podiam libertar-se do útero. Elas estavam em condição instável, flutuando à deriva no mundo das trevas, tendo a seguinte aparência: algumas rastejavam... algumas estavam eretas, com os braços levantados... algumas ficavam deitadas de lado... outras de costas, algumas tinham o corpo inclinado para frente, outras, a cabeça totalmente inclinada para baixo, algumas tinham pernas voltadas para cima... algumas estavam ajoelhadas... outras procuravam orientar-se nas trevas... Todas elas se encontravam compreendidas no abraço de Rangi e Papa. Por fim, os seres gerados pelo Céu e pela Terra, esgotados pelas contínuas trevas, reuniram-se e disseram: “Agora vamos determinar o que devemos fazer com Rangi e Papa; se é melhor matá-los ou separá-los um do outro. E Tu-ma-tauenga, o filho mais impecável do Céu e da Terra, disse: “Muito bem, matemo-los”. E Tane-mahuta, o pai das florestas e de todas as coisas que nelas habitam ou são construídas a partir das árvores, disse: “Não, nada disso. É melhor separá-los um do outro e deixar que o céu se estenda bem acima de nós e que a terra fique aos nossos pés. Que o céu se torne um estranho para nós, mas que a terra permaneça próxima de nós, como nossa mãe nutridora.” Vários dos irmãos deuses tentaram, em vão, separar o céu da terra. Por fim, o próprio Tane-mahuta, pai das florestas e de todas as coisas que nelas habitam ou são construídas a partir das árvores, assumiu o papel de realizador do titânico projeto. Com a cabeça firmemente plantada em sua mãe, a terra, e os pés elevados e apoiados contra seu pai, o céu, ele força suas costas e membros, num esforço sobre-humano. Eis que Rangi e Papa são separados; com gritos e gemidos de sofrimento, eles exclamam: “Com que então matais vossos pais desta forma? Por que cometeis tão nefando crime, matando-nos, levando vossos pais a se separarem um do outro?” Mas Tane-mahuta não pára, não dá atenção aos seus gritos e gemidos; para longe, para bem longe de si, ele empurra o céu."

Joseph Campbell, em O Herói de Mil Faces citando George Grey, Polynesian mythology and ancient traditional history of the New Zeland race, as furnished by their priests and chiefs, Londres, 1855.

* * * *

2 comentários:

Chris Rodrigues disse...

Olá tudo bem? Sou fanática por mitos.
Chris

Alysson Amorim disse...

Oi Chris!

Os mitos são essenciais. Volte outras vezes.

Beijos.