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sábado, dezembro 08, 2007

O Labirinto do Fauno

Acabei de assistir O Labirinto do Fauno, filme visceral e assombroso e vigoroso de Guilhermo Del Toro - mais um ótimo diretor mexicano (já era um particular admirador da obra de Alejandro Gonzalez Iñarritu).

Perdoem-me o tom apaixonado: não escrevo como crítico de cinema, talvez por não possuir a frieza necessária (especialmente agora) a realização de tão ingrata tarefa. Apenas lhe sugiro, em tom de súplica, quase em tom de imposição, que assista a esse O Labirinto do Fauno.

Ali, de um modo cativante, Del Toro narra a aventura do herói, no caso, a pequena Ofélia, mas que é também Cristo, Buda e todos os outros heróis de todas as mitologias e religiões da humanidade.

Aliás, ao ir a locadora, vá também a biblioteca e leve O herói de mil faces do mitólogo Joseph Campbell: qualquer semelhança entre as duas obras não é mera coincidência. O tom de imposição permanece.

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terça-feira, outubro 30, 2007

Da literatura ao cinema

No século da crise do romance, Crime e Castigo do russo Fiódor Dostoievski, uma das espécies mais visitadas do gênero, recusa o calabouço e permanece golpeando-nos, ainda que para tanto seja necessário parasitar o cinema, ironicamente o seu algoz mais notável:



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segunda-feira, abril 30, 2007

Batismo de Sangue e Proibido Proibir

Tenho acompanhado com grande entusiasmo a evolução do cinema nacional. Tive a oportunidade de assistir a duas películas que estreiaram recentemente nas salas de Belo Horizonte, o Batismo de Sangue (de Helvécio Ratton) e Proibido Proibir (de Jorge Durán). Os dois filmes têm pelo menos três coisas em comum: integram um novo e ótimo momento do nosso cinema, revelam o talento de Caio Blat, no melhor de sua curta e já brilhante carreira e tematizam violência, política, amor e redenção.

O primeiro, inspirado no livro de Frei Betto, retrata muito bem os anos negros da ditadura militar, e o faz sob uma perspectiva interessante e talvez inédita: a da Igreja. Destaco as cenas de tortura, filmadas com uma qualidade técnica rara no cinema tupiniquim. Na esteira da leve inclinação teológica deste blog vale chamar a atenção para uma cena comovente, em que a Ceia é celebrada nos cárceres ensaguentados da ditadura.

Quanto ao segundo, Proibido Proibir, do chileno-brasileiro Jorge Durán, trata-se, a meu juízo, de uma das melhores obras do cinema brasileiro das últimas décadas. Rejeito, no entanto, o desafio de me aventurar pelas trilhas da crítica cinematográfica.

Indico aos amigos a crítica da Revista Contracampo e da Folha de S. Paulo.

É uma confrontação ao individualismo e um convite ao mais puro amor cristão - um amor que, cotidianamente, brota do solo mais imprevisível.

Ficam as indicações.

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quarta-feira, julho 05, 2006

Match Point e Crime e Castigo


Match Point, Woody Allen.

Match Point! Partida empatada. A bola toca a rede e cai. Onde? A resposta fica com a sorte.

Competência e disciplina são fatores secundários. Tudo é uma questão de sorte. Esta é a tese defendida pelo protagonista do novo filme de Woody Allen, Chris Wilton (interpretado pelo ótimo Jonathan Rhys-Meyers). No desenrolar da trama, a própria vida de Chris vai confirmando sua tese.

A sorte bate em suas portas. E não apenas uma única vez: o casamento realiza suas ambições de ascensão social, o adultério permanece oculto, o crime fica sem castigo. Chris é um homem de sorte, o que não significa dizer que seja um homem feliz.

O filme tem a presença constante da obra Crime e Castigo de Dostoievski. Em uma das cenas, no início da película, Chris aparece lendo a obra, que é fonte de inspiração para algumas de suas ações posteriores.

A sorte de Chris é a mesma do Raskolnikov de Dostoievski: o destino, com suas súbitas pinceladas, consome as provas tidas como irrefutáveis e obsta o castigo. Não menos verdadeiro é que a infelicidade que carregam também os aproxima.

Se com aqueles bruscos golpes de azar o destino tecia as tragédias gregas, com seus golpes de sorte teceu as tragédias de Raskolnikov e Chris. A infelicidade dos gregos, feridos pelo azar, é a mesma dos heróis de Dostoievski e Woody Allen, feridos pela sorte. Tanto que Chris vai lembrar a frase de um famoso clássico, Ésquilo se não me engano, de que para muitos “a felicidade seria jamais ter nascido”.

Raskolnikov tinha Sônia, a garota tímida que o ensinou a necessidade de abrir mão da sorte para alcançar a redenção. Está aqui toda a diferença. Em Dostoievski, Raskolnikov jogou no lixo o bilhete premiado e encontrou a felicidade. Em Woody Allen, não há redenção, a última cena do filme mostra um Chris carregando nas mãos a sorte e no peito uma tristeza dilacerante.