sexta-feira, agosto 24, 2007

O pai ogro

Joseph Campbell, "O Herói de Mil faces"

Pois o aspecto ogro do pai é um reflexo do próprio ego da vítima – derivado da maravilhosa lembrança da proteção materna que foi deixada para trás, mas só depois de ter sido projetada, bem como do fato de a idolatria fixadora daquela inexistência pedagógica constituir por si própria a falta, no sentido de pecado que nos mantêm paralisados e que impede a alma potencialmente adulta de alcançar uma visão mais equilibrada e realista do pai e, em conseqüência, do mundo. A sintonia consiste, essencialmente, em levar a efeito o abandono do monstro autogerado – o dragão que se considera Deus (o superego) e o dragão que se considera o pecado (o id reprimido). Mas esta ação requer o abandono do apego ao próprio ego, e aí reside a dificuldade. Devemos ter fé em que o pai é misericordioso; assim, devemos confiar nessa misericórdia. Com isso, o centro da crença é afastado da tenaz apertada e escamosa do deus atormentador, e os ogros ameaçadores desaparecem.

* * * *

6 comentários:

Anônimo disse...

Meu caro amigo, o Richard Dreyfus em mais uma magistral interpretação de um filme que não lembro o nome (mas não é invenção), onde ele faz duas vezes o papel de Hamlet, em seu personagem no filme, e em uma peça que o personagem do filme trabalha e faz um Hamlet gay. Enfim, trata-se de um romance e a mulher envolvida reclama do ego dele ao que ele responde: Levei tanto tempo construindo meu ego, com todo o cuidado e não vou deixar você acabar com ele em cinco minutos.

Anônimo disse...

Há uma retificação feita no Blogroll da Gruta em relação ao seu link e um recado foi postado como comentário, explicando o descalabro (essa eu aprendi com o presidente) ocorrido. As providências foram tomadas e cabeças rolaram.

Natália Nunes disse...

Não, não; não me fale em pai.

Eu adoro essa música da Alanis, essa e várias outras.

"You see everything you see every part
You see all my light and you love my dark
You dig everything of which I'm ashamed
There’s not anything to which you can't relate
And you're still here"


...


Bjos, Alysson!

Anônimo disse...

Dileto amigo Alysson, Interessante seu post! Veio oportunamente. Pois acabei de conversar com meu amigo Daniel sobre sua tese. Diz ele: "Existe um segredo nessa proposta de intervenção. Qual? Nos primeiros indícios ontológicos dessa construção chamada ego. (os pais da matéria chamam de self)Passa pela formação de uma pérola, dolorida e necessária para construir o caráter em seu contexto clínico." Agora, digo eu é uma teoria. Um cheiro.

Maya Felix disse...

Oi, Alysson. São complexos os seus textos, plurissignificativos e polifônicos. Demoro pra entendê-los! Quero aqui registrar também que o blog do Lou está fora do ar por uma questão técnica :( e eu já sinto uma falta danada. Volta logo, Lou!

Abços,

Maya

Felipe Fanuel disse...

Caro Alysson,

Falar de ego, superego e id é o mesmo que dizer do que são feitos os ídolos: com barro e argila.

Abraço.