Aguardamos e conjecturamos e tememos, enquanto o aguardado e conjecturado e temido acontece como possibilidade. Silencioso, embora colérico, discreto, embora transformador. O Apocalipse, o último dos futuros, é mais implacavelmente presente do que nos permitimos crer.
É o Mundo que sofre a ameaça das forças apocalípticas, que são bestiais, mas também consoladoras (Jo 14:16ss.). A volta apocalíptica de Cristo (Jo 14:18) assolará o Mundo e romperá suas vendas (Jo 14:19). Com o Fim do Mundo, que é menos um evento histórico-catastrófico que um evento espiritual-redentor, a inconsciência cede lugar a consciência, a harmonia é finalmente re-encontrada e a eternidade alegremente gozada.
O herói é aquele que se abre para o furor dos chifres vários do Apocalipse com o fito de ver perfurado o tecido barato da sua mediocridade; daqueles orifícios brotam o líquido seminal que perpetua a vida. É morrer para nascer de novo.
Deste modo, o mistério do Apocalipse consiste em destruir para construir; perfurar a superfície para liberar o fluxo dos elementos essenciais. O Fim do Mundo é apenas o início de um reino de harmonia e beleza, que embora não limitado a matéria, depende dela.
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É o Mundo que sofre a ameaça das forças apocalípticas, que são bestiais, mas também consoladoras (Jo 14:16ss.). A volta apocalíptica de Cristo (Jo 14:18) assolará o Mundo e romperá suas vendas (Jo 14:19). Com o Fim do Mundo, que é menos um evento histórico-catastrófico que um evento espiritual-redentor, a inconsciência cede lugar a consciência, a harmonia é finalmente re-encontrada e a eternidade alegremente gozada.
O herói é aquele que se abre para o furor dos chifres vários do Apocalipse com o fito de ver perfurado o tecido barato da sua mediocridade; daqueles orifícios brotam o líquido seminal que perpetua a vida. É morrer para nascer de novo.
Deste modo, o mistério do Apocalipse consiste em destruir para construir; perfurar a superfície para liberar o fluxo dos elementos essenciais. O Fim do Mundo é apenas o início de um reino de harmonia e beleza, que embora não limitado a matéria, depende dela.
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5 comentários:
É uma realidade surreal.
Apocalipticamente verdadeiro.
Não obstante o uso de efeitos especiais em referência ao mundo antigo e suas particularidades, eu tenho que clamar: Venha o teino Senhor!
Muito bom este texto.
Real, confortante, apaziguador.
Vem Senhor Jesus!
Bela teologia! Bela escatologia! Àquele sentimento urgente de desespero social vivido pela comunidade joanina você se volta com um sagrado respeito. Não pára por aí. Vai tecendo o fio das derradeiras letras bíblicas, com a agulha do próprio discípulo amado, de maneira que as trombetas tocadas contra o impéridor opressor por aqueles homens e mulheres soem como libertárias e utópicas para um mundo sem esperança como o nosso.
Já que hoje estou para confessar, vamos lá. Acredito no Apocalipse, no padeiro da esquina, no Obama, na Heloísa Helena, no Gabeira, e (em doses homeopáticas) até no Lula. Suspeito que se eu estivesse lá escrevendo-ouvindo-lendo-interpretando as palavras do homem de Patmos, acreditaria em tudo que ele disse piamente. Seria tocado, como hoje sou, por expressões do tipo "novos céus" e "nova terra". Afinal, o escathon é evento kairótico, isto é, tem seu nascedouro em um tempo oportuno. É o tempo qualitativo, a respeito do qual nossa sociedade pouco conhece fora dos poetas e romancistas, já que somos o povo do just in time, do chronos — aquele tempo do cronômetro mesmo, que vive sufocando pessoas com ponteiros.
Um abraço com saudade.
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