abutres percorrem, negros, o céu azul,
profecias de uma noite inevitável.
as taças, no tilintar, recordam seus estilhaços,
o corpo inútil que já não comporta o vinho.
o vermelho e o negro,
o líquido rubro a rasgar o véu noturno.
* * * *
"Se nos empregamos assiduamente não só na contemplação estética mas também na expressão dos seus modos e resultados, é que a prosa ou o verso que escrevemos, destituídos de vontade de querer convencer o alheio entendimento ou mover a alheia vontade, é apenas como o falar alto de quem lê, feito para dar plena objectividade ao prazer subjectivo da leitura." Fernando Pessoa
5 comentários:
Tem horas que fico tentando imaginar, como funciona sua cabeça...rsrsrs uma fonte inesgotável de idéias! Cada dia vc fica mais especial na minha vida! bjs
A noite vem e já não haverá redenção!
Caramba! Que choque existencial! Não tem jeito, né, cara... A gente tá destinado a esse trem de noite e dia mesmo. Eu tô lendo isso aqui de dia, mas vc bem que me fez o favor de adiantar a minha noite. Êta vidinha essa nossa. Há noites longas hoje, há dias longos amanhã.
Sábado será meu aniversário. Tomara que seja um dia longo sem fim, do jeito que gosto, de tal maneira que, ao toque das 0 horas de domingo, eu ainda esteja comemorando o que ainda me resta de felicidade por morrer mais um ano. héhéhéhé Nessas horas eu invoco Dionísio e meu corpo tem de comportar o fruto da vide (de preferência argentino), meu amigo! Vermelho não é cor só para nos fazer transformar a falta de sono em uma aventura noturna mais palatável.
A noite pode ser dia, meu caro, em que pese o céu azul estar escuro. Porque noite-noite mesmo também é muito necessário. A gente tem de morrer todo dia ao colocar a nossa cabeça naquele travesseiro funeral. O nosso caixão diário nos recebe de braços abertos, dizendo "vem morrer mais um pouquinho".
Agora, esse negócio de abutre com tilintar e barulhos tá mais pra Edgar Allan Poe do que pra Alysson Amorim, mineiro serestreiro que é, transformando a contagem das estrelas em motivos evidentes (desculpe-me a redundância) para acreditar na eternidade daquilo que a gente acostumou a chamar de vida, mas que, na verdade, é uma morte, é uma noite. Somos mais noturnos do que nunca, Amigão.
O véu sempre precisará ser rasgado para que o oculto não mais seja mistério. Isso que é gostoso... Ver o escuro. Brincar no escuro. Correr nas galáxias. Insônia? Onde?
Janete,
Quero acreditar que com noite, justamente com a noite, virá a redenção.
Beijo.
Felipão,
Cara, solução não há: o sol se levanta e se põe e não há nada que possamos fazer quanto a isso.
Sim, sim... mas
"Isso que é gostoso... Ver o escuro. Brincar no escuro. Correr nas galáxias. Insônia? Onde?"
Abração.
Ler vcs dois, dá vontade de rir e chorar: rir de emoção, por ver duas pessoas tão especiais, tão entrozadas, tão sintonizadas, tão amigas... e chorar, pq não entendo nada!!! rsrsrsrss
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