Paulo dizia que sua vida era Cristo. Talvez ele quisesse dizer com isto que vivia em abertura completa para o outro e para o Grande Outro. Que havia aprendido a compartilhar a si mesmo, por inteiro e não em porcentagens definidas após cuidadosos cálculos. Paulo deve ter compreendido, com a própria vida, aquilo que eu só posso supor olhando pela janela da minha torre de marfim: compartilhar é salvar-se; perder, absurdo dos absurdos, é ganhar; entregar, e entregar tudo, é a única forma de encontrar alguma coisa.
Mas não basta supor. Minhas suposições não mudam minhas motivações. O toque do despertador continua sendo um convite para acumular, consumir, agregar. Fechar-se em mim. O outro torna-se, quando muito, um trampolim que me renderá alguns degraus.
Preciso encontrar entre nossas sufocantes vias urbanas o caminho de Damasco, a via crucis paulina. Tomar a cruz e seguir o Mestre. É dizer, insistir na lógica oposta, dar um novo sentido ao toque do despertador, ressignificar a todo instante minhas ações.
Movimento centrífugo e complicado. O Calvário é periférico e distante. A via crucis é labiríntica, mas não sufocante. Está mergulhada em ares de liberdade, mas é cortada por vias largas, repletas de cores convidativas, porém enganosas. Num lapso qualquer e viro a esquerda, a direita, perco o rumo e a liberdade.
O mérito de Paulo talvez seja sua constância, sua habilidade em lhe dar com o caminho. Em olhar, perseverante, apenas e tão somente para o Autor e Consumador da nossa fé. Aquele que nos aguarda no Gólgota com as chaves da libertação integral.
* * * *
Mas não basta supor. Minhas suposições não mudam minhas motivações. O toque do despertador continua sendo um convite para acumular, consumir, agregar. Fechar-se em mim. O outro torna-se, quando muito, um trampolim que me renderá alguns degraus.
Preciso encontrar entre nossas sufocantes vias urbanas o caminho de Damasco, a via crucis paulina. Tomar a cruz e seguir o Mestre. É dizer, insistir na lógica oposta, dar um novo sentido ao toque do despertador, ressignificar a todo instante minhas ações.
Movimento centrífugo e complicado. O Calvário é periférico e distante. A via crucis é labiríntica, mas não sufocante. Está mergulhada em ares de liberdade, mas é cortada por vias largas, repletas de cores convidativas, porém enganosas. Num lapso qualquer e viro a esquerda, a direita, perco o rumo e a liberdade.
O mérito de Paulo talvez seja sua constância, sua habilidade em lhe dar com o caminho. Em olhar, perseverante, apenas e tão somente para o Autor e Consumador da nossa fé. Aquele que nos aguarda no Gólgota com as chaves da libertação integral.
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8 comentários:
"olhar, perseverante, apenas e tão somente para o Autor e Consumador da nossa fé."
Aham, não é facil mesmo conseguir fazer isso aí.. O_o
bjs sobrinho! =]
Quanta propriedade para escrever sobre um assunto tão complexo! E como é bom sentir o suave perfume de Cristo, exalando da sua vida, amigo!
Nesse momento, a doce voz do Santo Espírito, me abre os olhos e mostra, o quanto tenho sido relapsa no descumprimento da missão, pra qual fui chamada!
Mais difícil do que atender ao chamado, tem sido perseverar, sem me deixar corromper.
bjs.
Caro Amigo (com A maiúsculo mesmo),
Tua teologia supera a própria teologia de Paulo. Sim! Vc foi capaz de usar o método dele de falar a partir da sua cultura e de suas próprias inquietações. Contudo, acredite: o Paulo foi longe demais do que se esperava. Deu uma de capaz de julgar tudo a a partir do seu pensamento. Para mim, isso é muita pretenção. Melhor seria ele ter ficado calado algumas vezes, como aquelas que ele se arriscava a falar das mulheres, exempli gratia.
Vc o superou em curtas e simples linhas. Trouxe o evento Cristo-crucificado na interface de sua cosmovisão poética. É assim que se faz, garoto! Quero ler mais coisas desta tua vocação teológica inerente... Por favor, nos dê mais!
Há quem diga que Paulo inventou a religião cristã, por isso, muitos preferem Cristo a Paulo. Consciente ou inconscientemente fizeste o mesmo.
Minhas mãos estão batendo uma na outra sem parar involuntariamente. Parabéns, rapaz!
[errata] *pretensão
Essa nossa língua!
Mari,
Sim, no meio do caminho há uma pedra, como diria aquele poeta brasileiro que você anda apreciando - o Drummond.
Bjs.
Janete,
Que a doce voz do Espírito Santo fale sempre aos nossos corações: convidando-nos a gozar da liberdade em Cristo.
Bjs.
Felipão,
Não posso deixar de registrar que você também é um grande Amigo; agradeço muitíssimo suas palavras de incentivo.
Já disse e repito: seus comentários se agregam a este blog, são parte integrante dele - das mais relevantes.
Sua hermenêutica crítica da Bíblia lhe permite apontar as fraturas da teologia paulina - ainda sinto-me preso a minhas duas décadas de leitura devocional das "Sagradas Escrituras". Apesar de admirar muitíssimo a erudição e o espírito empreendedor do Paulo, preciso reconhecer que sempre senti um certo desconforto com algumas posições dele - como aquela que você citou, em relação as mulheres.
Aliás, fica uma sugestão para postagem futura em seu blog: a teologia paulina.
Abs.
Amigo,
Obrigado pela sugestão. Tá anotado!
Rapaz,
Vc anda muito litúrgico... Falar de via crucis nas vespéras da Páscoa? Seria uma vocação pastoral? kkkkkkkkkkk
Cara! Putz! Só agora percebi que a via crucis veio a calhar. Talvez seja intuição pastoral... hueuhe
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