No velório da minha avó. Ela se encantou, como costuma dizer o Rubem Alves. E minha mãe me lembrava que foi o próprio Rubem Alves quem sugeria que se distribuíssem mudas de árvores em velórios. Plantar uma árvore: não há melhor maneira de manter viva a memória de um morto.
Vou além: é um ritual apropriado a nossa cosmovisão cristã. A morte como esperança, como transição para a vida plena. O cartão de entrada no conto de fadas da felicidade suprema, inextinguível. Morte é vida, informa a árvore que brota do solo. O que se enterra, renasce.
Mas nos esquecemos da importância dos rituais. Sociedade desmitologizada, no dizer de Campbell. Caminhamos carentes de símbolos, o que nos torna presas fáceis da neurose, porque desprovidos dos recursos que nos permitem superar os ciclos da jornada que conduz a maturidade espiritual.
A Cinderela, menina esperta, não se esqueceu. Lembre-se que enquanto as irmãs cruéis (filhas da madrasta) pediram ao pai vestidos portentosos a menina pediu uma muda. Plantou, em memória da mãe. A bela e frondosa nogueira era a presença da mãe. Da Mãe que ajudaria Cinderela a se construir, superando as agruras da vida, as maldades alheias, e caminhando até o Reino escatológico do “foram felizes para sempre”.
O post fica como uma homenagem dona Maria. Logo estaremos aí, juntos, nos galhos das árvores celestiais, comendo goiaba e contando piadas.
* * * *
Vou além: é um ritual apropriado a nossa cosmovisão cristã. A morte como esperança, como transição para a vida plena. O cartão de entrada no conto de fadas da felicidade suprema, inextinguível. Morte é vida, informa a árvore que brota do solo. O que se enterra, renasce.
Mas nos esquecemos da importância dos rituais. Sociedade desmitologizada, no dizer de Campbell. Caminhamos carentes de símbolos, o que nos torna presas fáceis da neurose, porque desprovidos dos recursos que nos permitem superar os ciclos da jornada que conduz a maturidade espiritual.
A Cinderela, menina esperta, não se esqueceu. Lembre-se que enquanto as irmãs cruéis (filhas da madrasta) pediram ao pai vestidos portentosos a menina pediu uma muda. Plantou, em memória da mãe. A bela e frondosa nogueira era a presença da mãe. Da Mãe que ajudaria Cinderela a se construir, superando as agruras da vida, as maldades alheias, e caminhando até o Reino escatológico do “foram felizes para sempre”.
O post fica como uma homenagem dona Maria. Logo estaremos aí, juntos, nos galhos das árvores celestiais, comendo goiaba e contando piadas.
* * * *
8 comentários:
Um grande e forte abraço para você meu caro. Lembrarei de plantar uma árvore por D. Maria.
Dona Maria tem vida plena agora!
Sinta-se abraçado, querido... nessas horas, as palavras são dispensáveis.
Ela acordou, você ainda dorme.
Eu não li essa versão da Gata Borralheira. Mas gostei.
Certo dia, parei em um dos sebos do Maleta e fiquei lendo trechos de um livro do Rubem Alves. Sábado passado fiquei namorando outro livro dele na Leitura.
Ainda quero comprar/ganhar algo dele.
:D
Agradeço a força, amigos.
Natália,
A versão a que me referi da Gata Borralheira consta na "Obra completa dos Irmãos Grimm", Editora Villa Rica.
Bjs.
Allisson, meu prezado,(descobridor de mim)Mui prazer em conhecê-lo. O salmista disse em seu poema sagrado que "a descoberta das suas palavras ilumina, e traz discernimento aos simples" Sl 119.130) Assim, no momento da dor e lamento, plantar uma arvore é plantar memórias de uma vida.
Deixo minha palavra de silêncio para vc, Amigo. Afinal, suas palavras já expressam todos os sentimentos que estão furando vc neste momento.
Oro para que não lhes falte consolo, mesmo que dos mais recônditos lugares da existência, onde mora mais dúvida do que certeza.
Meu desejo é que haja em vcs o mais lindo luto que emerge da memória de uma convivência com alguém que na vida plantou uma árvore, cujos frutos são vcs.
Que a esperança de que o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã não tarde a chegar, mesmo que pareça apenas uma pequena luz no finalzinho do túnel.
Um abraço apertado, Alysson.
Muita força!
Felipe. Valeu pela força, amigão.
Um grande abraço.
Postar um comentário